terça-feira, 27 de outubro de 2009

Tema de hoje: No meio dos inocentes


Como trilheiro espiritual vos digo: "Todos somos inocentes até prova em contrário, mesmo que responsáveis. Somos inocentes perante às leis fiscais, responsáveis perante nossos semelhantes, que atraímos para nossa causa justa e lucrativa". Certa vez, no templo hedonista Hong-Kuong-Hui, deparei-me com uma cena tocante. Um jovem, ajoelhado, pedia perdão pelo mal que fizera a certa moça. Um ancião, responsável pelo templo, escutava-o, sisudo. O jovem descreveu, em detalhes, todas as ações tomadas até o clímax orgásmico tântrico. Aplaudido de pé por seus pares foi, subitamente, interpelado por um monge, ricamente vestido, que perguntou: "E quanto custou o show?". O jovem, pálido agora, respondeu que não custara nada e, além disso, tinha adiantado algum ouro para que a pobre moça pudesse pagar seus estudos. O monge levantou-se e, com um açoite, cortou as costas do jovem com mais de 30 chibatadas certeiras e o expulsou do templo, gritando: "Vendilhão, vendilhão, por que pecastes? Não sabes tu, ó desgraçado, que o ouro doado pertence aos nosso cofres? Não sabes tu, estúpido, que caístes no mais antigo conto do vigário criado pela humanidade?". O caminhante de fé deve se perguntar sempre, ao se deparar com eventuais doadores potenciais, se alguns pedidos não destoam do que seria de supor uma conta bancária à altura de nossas necessidades. Não se deixem enganar por um belo rosto ou um belo traseiro. Em meu chateau, bebendo um revigorante vinho francês, recebo sempre de bom grado os pedidos de ajuda, mas não sem antes consultar as fontes de concessão de crédito e a ficha cadastral pertinentes. Só assim durmo tranquilo.

Direto de Adis-Abeba: Na imagem acima vemos uma peregrina interagindo inocentemente com a natureza antes de se entregar de corpo e alma ao curso "Tântrismo tântrico avançado", proferido por este escriba. Na ocasião proferi a palestra "Como encontrar brechas legais nas leis fiscais internacionais e ter a consciência astral tranquila", para 1.500 empresários etíopes.

Um comentário:

Eu mesma disse...

Criatividade, humor, ironia... só poderia resultar mesmo num ótimo texto. Gostei muito!