sábado, 22 de março de 2008

O BEIJO DA SEROTONINA - Ciência ou Religião?




Um estranho rebuliço espalhou-se pela primeira vez no Vaticano.
O Papa convocara um concílio extraordinário, uma espécie de Assembléia Constituinte dos santos, desta vez com a finalidade de se votarem novas regras para admissão das pessoas no Céu, quando morressem.
É que a Igreja estava sendo acusada de injustiças na formulação dos seus credos. Ela não havia acompanhado os avanços da Ciência e, assim, as pessoas estavam sendo ensinadas de forma errada sobre pecados e sobre Inferno e Purgatório. Era necessário, dizia o novo Papa, que fossem revistos os critérios sobre as penas eternas para dois pecados: a gula e o homicídio.
Tudo porque o Santo Papa Vráuzio Darela (que tinha sido médico “global” no Brasil) havia formulado um raciocínio espantoso, que tinha deixado a todos assustados com o novo significado que tudo assumiria dali por diante.
Como poderia a Igreja do século XXI sustentar que a gula representava uma culpa suficiente para levar pessoas ao Purgatório, sob risco até de irem parar no próprio Inferno, se a medicina já havia provado que tudo não passava de distúrbios glandulares que levavam a pessoa a comer mais do que precisaria para sobreviver?
E os homicidas? Pior, ainda. Como poderiam ser condenados ao fogo eterno, se eles são apenas vítimas de um certo desentendimento com essa tal de serotonina, aquele resíduo que segrega para dentro do cérebro, e cuja ausência acaba tumultuando o senso de equilíbrio deles?
Alegavam os críticos que seria preciso separar melhor as coisas, pois era uma questão de justiça - e de justiça divina!
E, levando em consideração que a Igreja tinha a obrigação de mostrar a verdade aos seus fiéis, nada mais justo do que rever certas posições!
O melhor mesmo era deixar que a própria lei dos homens cuidasse dessas falhas humanas, dizia Sua Santidade, pois a Justiça de Deus não iria barrar as pobres vítimas das glândulas e de distúrbios da falta de serotonina, quando batessem às portas do Céu.
Que vexame seria... achar que o ser humano poderia ser culpado, se seus atos eram apenas como os atos de um robô, por não poder desobedecer aos comandos das descargas químicas ou por lhe faltar serotonina no cérebro!
A coisa estava se complicando, porque, nesse caso, os portadores de comportamentos homicidas, por exemplo, poderiam pagar por alguns atos aqui na Terra, mas Deus certamente entenderia de outra forma, pois a própria medicina terrestre demonstrava claramente que tais pobres pecadores agiam como robôs sem qualquer poder de escolha entre os pensamentos bons e os ruins!
Corriam até notícias de que o grande Mel Gibson ia refazer o filme da Paixão, para colocar efeitos especiais mostrando as coisas que aconteciam nos cérebros da turba enquanto gritava “crucifiquem-no” – e com isso esse hollywoodiano iria se limpar da acusação que lhe pesava de anti-semitismo. E aquela cena de Pedro cortando a orelha do soldado romano com a espada? Dá até para imaginar aquela imagem de computador mostrando uma ultrassom da cabeça de São Pedro por dentro, com uma coisa azulada piscando, ficando só um pouquinho dentro do cérebro dele, instando-o para que ele puxasse aquela lâmina e a brandisse em direção à cabeça do coitado...!
A questão era que praticamente não se poderia saber se a pessoa tinha ou não condição de escolher pensamentos bons para cultivar! E se o sujeito fosse andando pela rua, despreocupado, contente, assoviando... e... (ZUPT!)... tivesse um vazamento de serotonina, por ter casualmente batido a cabeça?
E as pessoas que não vão à Igreja, que não freqüentam as missas, que não rezam... será que elas não são vítimas de uma causa orgânica ainda não descoberta? Será que não há uma substância ainda desconhecida que as obriga a somente pensar em futilidades?
Uma outra idéia ainda mais grave passava-se na cabeça de todos. Não seria melhor que todos os membros do clero fossem escolhidos através de rigorosos exames médicos capazes de detectar os distúrbios glandulares (por causa da gula) e as taxas de serotonina? Assim seria fácil de se saber quem tem (ou não) alta/baixa taxa de serotonina (benigna ou maligna, conforme o caso).


Aguardem os estudos que brevemente serão divulgados sobre o Tetrapressismo Crônico e sua relação com a serotonina.

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